Riscos Psicossociais na Segurança do Trabalho: O Que a NR-01 Exige e Como se Adequar!

Introdução

Contextualização da segurança do trabalho no Brasil
A segurança do trabalho no Brasil tem passado por uma evolução significativa nas últimas décadas. As empresas, cada vez mais, compreendem que a proteção à saúde e integridade dos trabalhadores não é apenas uma obrigação legal, mas um fator estratégico que impacta diretamente na produtividade, na sustentabilidade do negócio e na reputação organizacional. A legislação brasileira é uma das mais robustas do mundo nesse aspecto, especialmente por meio das Normas Regulamentadoras (NRs), que estabelecem diretrizes fundamentais para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Definição breve de riscos psicossociais
Dentre os diversos tipos de riscos ocupacionais, os riscos psicossociais têm ganhado destaque. Eles estão relacionados a fatores organizacionais, interpessoais e emocionais que podem afetar negativamente a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores. Estresse crônico, assédio moral, sobrecarga de trabalho, insegurança no emprego e relações conflituosas são alguns exemplos que, quando não gerenciados, podem desencadear adoecimentos, afastamentos e até acidentes.
Crescimento da importância do tema no ambiente corporativo
Com as transformações no mercado de trabalho, a digitalização dos processos e a busca incessante por produtividade, os riscos psicossociais se tornaram mais evidentes e impactantes. Além disso, os reflexos da pandemia da COVID-19 acentuaram os desafios relacionados à saúde mental nas organizações. Hoje, cuidar do bem-estar psicológico dos colaboradores deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade tanto do ponto de vista humano quanto estratégico. Empresas que ignoram esse tema enfrentam não apenas perdas financeiras, mas também riscos legais e prejuízos à sua imagem institucional.
Conexão direta com a NR-01 e seus desafios de adequação
Diante desse cenário, a NR-01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), atualizada em 2020, trouxe uma abordagem mais ampla e moderna sobre a gestão de riscos no ambiente de trabalho, incluindo os riscos psicossociais. Ela exige que as empresas adotem uma postura ativa na identificação, avaliação e controle de todos os tipos de riscos, não apenas os físicos, químicos ou biológicos, mas também os que afetam a saúde mental e emocional dos trabalhadores. No entanto, muitos empregadores ainda têm dúvidas sobre como incluir esses riscos de forma efetiva no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), o que representa um dos principais desafios atuais em segurança do trabalho no Brasil.

O Que São Riscos Psicossociais?

Definição de riscos psicossociais no trabalho
Os riscos psicossociais são todos aqueles fatores presentes no ambiente de trabalho que podem gerar impactos negativos na saúde mental, emocional e até física dos trabalhadores. Eles estão diretamente relacionados à organização do trabalho, à cultura empresarial, à forma como as atividades são conduzidas e às relações interpessoais no ambiente profissional. Diferente dos riscos físicos, químicos ou biológicos, os psicossociais são mais subjetivos, mas não menos perigosos, pois afetam o equilíbrio psicológico, a motivação e a qualidade de vida no trabalho.

Exemplos práticos
Para compreender melhor, veja alguns exemplos bastante comuns de riscos psicossociais no ambiente laboral:

Estresse ocupacional
É um dos riscos mais recorrentes e está relacionado à exposição constante a pressões, prazos, sobrecarga e cobrança excessiva, sem o devido equilíbrio com momentos de recuperação e descanso.

Assédio moral e sexual
Práticas como humilhações, ameaças, constrangimentos, piadas ofensivas ou comportamentos de conotação sexual indesejada configuram graves riscos psicossociais, além de serem passíveis de sanções legais.

Sobrecarga de trabalho
Quando a quantidade de tarefas excede a capacidade física ou mental do trabalhador, surge a sobrecarga, que, de forma contínua, gera cansaço extremo, esgotamento emocional e sérios problemas de saúde.

Pressão excessiva por metas
Empresas que impõem metas inatingíveis ou prazos extremamente curtos colocam seus colaboradores sob pressão constante, o que favorece o desenvolvimento de ansiedade, burnout e estresse crônico.

Falta de apoio organizacional
Ambientes onde os trabalhadores não se sentem acolhidos, ouvidos ou valorizados tendem a gerar sentimentos de isolamento, insegurança e desmotivação, impactando diretamente a saúde mental.

Insegurança no emprego
O medo constante de demissões, mudanças abruptas ou falta de estabilidade gera preocupação, ansiedade e estresse, afetando o bem-estar dos colaboradores.

Impactos na saúde mental e física dos trabalhadores
A exposição contínua aos riscos psicossociais compromete profundamente a saúde dos profissionais. Na esfera mental, são comuns quadros de ansiedade, depressão, síndrome de burnout, estresse crônico e insônia. No aspecto físico, surgem também dores musculares, problemas cardiovasculares, distúrbios gastrointestinais, queda da imunidade e agravamento de doenças pré-existentes. Além disso, o sofrimento psicológico impacta diretamente a qualidade de vida, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.

Consequências organizacionais
Queda na produtividade
Colaboradores adoecidos, desmotivados ou em sofrimento psicológico não conseguem desempenhar suas atividades com o mesmo desempenho e comprometimento, o que reduz significativamente a produtividade.

Aumento do absenteísmo
Afastamentos frequentes por problemas de saúde mental, consultas médicas e licenças psiquiátricas se tornam mais comuns, impactando diretamente na operação da empresa.

Rotatividade elevada
Empresas que não cuidam da saúde psicológica de seus colaboradores enfrentam altos índices de turnover, perdendo talentos e elevando custos com recrutamento, seleção e treinamento.

Maior risco de acidentes e afastamentos
O sofrimento mental afeta a concentração, o raciocínio e a tomada de decisão, elevando o risco de erros operacionais, falhas e acidentes de trabalho, além de contribuir para afastamentos prolongados.

O Que a NR-01 Exige Sobre os Riscos Psicossociais?

Atualização da NR-01 e seu foco na gestão de riscos
A atualização da NR-01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), que entrou em vigor em março de 2021, representou uma mudança significativa na forma como as empresas brasileiras devem gerenciar a segurança e saúde no trabalho. Ela trouxe uma abordagem mais moderna e alinhada às melhores práticas internacionais, focando não apenas no cumprimento de requisitos, mas na gestão contínua dos riscos ocupacionais.
Um dos avanços mais relevantes foi a inclusão da necessidade de considerar todos os tipos de riscos, incluindo aqueles que antes eram pouco valorizados ou negligenciados, como os riscos psicossociais. A norma estabelece que as organizações devem avaliar tanto os riscos tradicionais (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos) quanto os que afetam diretamente a saúde mental e emocional dos trabalhadores.

Inclusão dos riscos psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)
Com a implementação do GRO, a NR-01 estabelece que as empresas precisam desenvolver, implementar e manter um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Dentro desse programa, é obrigatório identificar e gerenciar não apenas os riscos físicos, mas também os riscos psicossociais.
Isso significa que fatores como estresse ocupacional, assédio, sobrecarga, insegurança no trabalho e outros fatores emocionais e organizacionais devem ser tratados da mesma forma que outros riscos ocupacionais. Eles devem constar no inventário de riscos, ser avaliado quanto à sua magnitude, e ter ações de controle e monitoramento definidas no plano de ação do PGR.

Obrigações legais
Ao abordar os riscos psicossociais, a NR-01 impõe às empresas uma série de obrigações legais dentro do ciclo do gerenciamento de riscos:

Identificar os riscos psicossociais
O primeiro passo é realizar o mapeamento desses riscos no ambiente de trabalho. Isso inclui observar fatores organizacionais, culturais, relacionais e operacionais que possam gerar impactos negativos à saúde mental dos colaboradores.

Avaliar sua magnitude e impactos
Após identificados, os riscos psicossociais devem ser avaliados em termos de probabilidade de ocorrência e severidade dos impactos. Essa avaliação permite priorizar ações e entender quais situações representam maior ameaça à saúde dos trabalhadores.

Implementar medidas de controle e prevenção
Com base na identificação e na avaliação, é necessário definir e implementar medidas preventivas e corretivas. Isso pode incluir ações de melhoria da cultura organizacional, treinamentos, ajustes na gestão de pessoas, readequação de processos, promoção de canais de escuta e acolhimento, entre outros.

Integração com outras normas, especialmente:
NR-17 (Ergonomia)
A NR-17 trata da ergonomia, que, por sua própria definição, considera não só os aspectos físicos, mas também os organizacionais e psicossociais do trabalho. A integração com a NR-01 é fundamental, pois a avaliação ergonômica é uma ferramenta importante na identificação dos riscos psicossociais, especialmente no que diz respeito à organização do trabalho, ritmo, jornadas, pausas e demandas cognitivas e emocionais.

Outras NRs relacionadas ao bem-estar dos trabalhadores
Além da NR-17, outras normas dialogam com a gestão dos riscos psicossociais, como:

NR-07 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO), que acompanha a saúde dos trabalhadores, incluindo aspectos psicossociais.

NR-05 (CIPA), que deve participar ativamente da identificação e acompanhamento desses riscos.

NR-09 (Avaliação de Exposição Ocupacional a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos), que se complementa ao avaliar os ambientes de trabalho.

Essa integração permite uma abordagem mais completa, considerando o trabalhador de forma holística, tanto em seus aspectos físicos quanto mentais e emocionais.

Como Se Adequar às Exigências da NR-01
Adequar-se às exigências da NR-01, especialmente no que se refere aos riscos psicossociais, exige uma abordagem estruturada, colaborativa e contínua. É necessário ir além do simples cumprimento legal e promover uma cultura organizacional voltada para a saúde integral dos trabalhadores.

Passo 1: Mapeamento dos riscos psicossociais
O primeiro passo é conhecer e entender quais riscos psicossociais estão presentes na organização.
Levantamento de informações
Reúna dados sobre o ambiente de trabalho, histórico de afastamentos, relatos de colaboradores, clima organizacional e indicadores de saúde e produtividade. Esse levantamento é essencial para traçar um diagnóstico inicial.
Avaliação dos fatores organizacionais e ambientais
Analise aspectos como jornadas de trabalho, metas, clima interno, relações interpessoais, estilo de liderança, comunicação interna, cultura organizacional e condições físicas do ambiente que possam impactar a saúde mental dos trabalhadores.

Passo 2: Ferramentas e metodologias recomendadas
Para garantir uma análise precisa, é importante utilizar ferramentas estruturadas.

Aplicação de questionários e checklists
Ferramentas validadas, como o COPSOQ, ISTAS21, ou checklists específicos de riscos psicossociais, ajudam na identificação de fatores estressores no ambiente de trabalho de forma quantitativa e qualitativa.
Entrevistas com colaboradores
Conversas individuais ou em grupo permitem entender percepções, experiências e dificuldades que muitas vezes não aparecem em questionários. Isso enriquece a análise e fortalece o diagnóstico.
Observação direta dos processos e relações
Acompanhar a rotina de trabalho, as interações entre equipes e os processos operacionais permite identificar situações que podem gerar sobrecarga, estresse ou conflitos, além de validar as informações coletadas nos questionários e entrevistas.

Passo 3: Implementação de medidas preventivas
Após o diagnóstico, é hora de agir de forma efetiva para eliminar, reduzir ou controlar os riscos psicossociais.
Programas de desenvolvimento humano
Invista em treinamentos sobre inteligência emocional, gestão de tempo, comunicação não violenta, desenvolvimento de lideranças empáticas e programas de qualidade de vida no trabalho.
Canais de escuta e acolhimento
Implemente canais onde os trabalhadores possam relatar dificuldades, receber apoio psicológico, mediação de conflitos e orientações. Isso pode ser feito por meio de programas internos ou parcerias com profissionais especializados.
Ações para promover uma cultura organizacional saudável
Estimule um ambiente de trabalho baseado no respeito, empatia, colaboração, segurança psicológica e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Isso inclui práticas como revisão de metas, reconhecimento, flexibilidade e melhoria na comunicação interna.

Passo 4: Monitoramento contínuo
O gerenciamento dos riscos psicossociais não é uma ação pontual, mas um processo contínuo.
Acompanhamento dos indicadores psicossociais
Monitore taxas de absenteísmo, turnover, afastamentos por adoecimento psicológico, clima organizacional e feedbacks dos colaboradores. Esses dados permitem avaliar a eficácia das ações implementadas.
Atualização constante do PGR
O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve ser um documento dinâmico. Sempre que forem identificadas mudanças no ambiente, processos ou nas condições de trabalho, o PGR precisa ser atualizado para refletir esses novos riscos ou melhorias.

Distribuição de responsabilidades
A gestão dos riscos psicossociais é uma responsabilidade compartilhada entre diferentes setores da organização.

Papel do RH
O Recursos Humanos atua na construção de políticas de gestão de pessoas, desenvolvimento de lideranças, ações de clima organizacional e implementação de programas de bem-estar.

Atuação da CIPA
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) deve incluir os riscos psicossociais em suas análises de riscos, acompanhar os fatores que impactam a saúde mental e propor melhorias para o ambiente de trabalho.

Participação da liderança e dos profissionais de SST
Os líderes são peças-chave na gestão dos riscos psicossociais, pois influenciam diretamente o clima e as relações no ambiente de trabalho. Já os profissionais de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) devem garantir que os riscos estejam devidamente mapeados, controlados e monitorados, cumprindo as exigências da NR-01 e de outras normas correlatas.

Boas Práticas e Exemplos de Ações Preventivas

Implementar ações preventivas para os riscos psicossociais não é apenas uma exigência da NR-01, mas uma estratégia que promove bem-estar, engajamento e produtividade. Empresas que investem nesse tipo de cuidado conseguem criar ambientes mais saudáveis, reduzir custos com afastamentos e fortalecer sua cultura organizacional. A seguir, estão algumas boas práticas e exemplos eficazes de ações preventivas:

Programas de qualidade de vida no trabalho
Esses programas vão além do cuidado físico e incluem ações que visam o equilíbrio emocional, mental e social dos colaboradores. Entre eles estão:

Oferecimento de apoio psicológico (interno ou externo);

Incentivo à prática de atividades físicas;

Promoção de campanhas sobre saúde mental;

Oficinas de mindfulness, meditação e autocuidado;

Políticas de incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como horários flexíveis e home office quando possível.

Políticas claras contra assédio e violência no trabalho
Ter um código de conduta claro e acessível, que combata qualquer forma de assédio — seja moral, sexual ou discriminação — é fundamental. Essas políticas devem incluir:

Canais seguros e confidenciais para denúncias;

Processos ágeis de apuração e resolução de casos;

Treinamento dos colaboradores e líderes para reconhecer, prevenir e agir em situações de assédio;

Divulgação regular das regras de convivência e dos direitos dos trabalhadores.

Desenvolvimento de lideranças empáticas
Os líderes exercem papel central na gestão dos riscos psicossociais. É fundamental investir no desenvolvimento de competências como:

Empatia e escuta ativa;

Comunicação clara, transparente e não violenta;

Gestão humanizada, considerando os limites e as necessidades da equipe;

Capacidade de identificar sinais de sobrecarga, estresse ou desmotivação nos colaboradores e intervir adequadamente.

Treinamentos em inteligência emocional e gestão do estresse
Capacitar os colaboradores para que desenvolvam habilidades emocionais é uma prática poderosa de prevenção. Esses treinamentos podem abordar temas como:

Autoconhecimento e autorregulação emocional;

Técnicas de enfrentamento do estresse;

Melhoria na comunicação interpessoal;

Estratégias para lidar com conflitos no ambiente de trabalho;

Resiliência e fortalecimento da saúde mental no dia a dia.

Criação de ambientes psicologicamente seguros
Um ambiente psicologicamente seguro é aquele onde as pessoas sentem que podem se expressar sem medo de punições, julgamentos ou retaliações. Para isso, é importante:

Estimular a cultura do feedback construtivo;

Valorizar a diversidade e a inclusão;

Promover espaços para diálogo aberto sobre desafios, erros e aprendizados;

Garantir que os colaboradores tenham participação ativa nas decisões que impactam seu trabalho;

Fomentar relações baseadas na confiança e no respeito.

Consequências de Não Atender à NR-01
Deixar de atender às exigências da NR-01, especialmente no que diz respeito ao gerenciamento dos riscos psicossociais, não traz apenas riscos legais, mas também pode gerar impactos significativos na operação, na saúde dos trabalhadores e na sustentabilidade do negócio. As consequências são amplas e afetam tanto o aspecto jurídico quanto financeiro, além da reputação da empresa.

Penalidades legais
O não cumprimento da NR-01 pode gerar implicações sérias no âmbito jurídico e trabalhista.

Multas e autuações
A fiscalização do Ministério do Trabalho pode resultar em autuações e multas, que variam de acordo com a gravidade da infração, o porte da empresa e o número de empregados afetados. Empresas que não possuem o PGR atualizado, que negligenciam o mapeamento de riscos psicossociais ou que não implementam medidas de controle estão sujeitas a penalidades administrativas severas.

Processos trabalhistas
A ausência de ações para mitigar riscos psicossociais pode levar a um aumento significativo de processos trabalhistas, especialmente relacionados a:

Assédio moral e sexual;

Doenças ocupacionais de origem psíquica, como síndrome de burnout, depressão e ansiedade;

Danos morais e materiais.

Esses processos podem gerar indenizações elevadas e desgastes jurídicos prolongados.

Prejuízos para a imagem da empresa
Empresas que não cuidam da saúde mental e emocional de seus colaboradores podem sofrer danos sérios à sua reputação. Casos de assédio, excesso de estresse ou ambientes tóxicos podem ganhar repercussão na mídia e nas redes sociais, impactando diretamente:

A imagem institucional;

A capacidade de atrair e reter talentos;

O relacionamento com clientes, investidores e parceiros, que cada vez mais valorizam práticas responsáveis e sustentáveis.

Impactos financeiros
A negligência com os riscos psicossociais gera custos diretos e indiretos significativos para as organizações.

Afastamentos frequentes
Doenças ocupacionais de origem psicológica estão entre as principais causas de afastamentos pelo INSS, aumentando o custo com substituições, sobrecarga das equipes ativas e despesas médicas e assistenciais.

Perda de produtividade
Ambientes com alta pressão, conflitos constantes, falta de apoio e estresse crônico tendem a apresentar:

Redução na motivação e no desempenho dos colaboradores;

Aumento nos erros operacionais;

Dificuldade na colaboração e na inovação.

Tudo isso reflete diretamente na queda da produtividade e, consequentemente, nos resultados financeiros.

Aumento dos riscos operacionais e acidentes
O comprometimento da saúde mental também impacta diretamente a segurança física dos trabalhadores. Funcionários sob estresse, ansiedade ou sobrecarga estão mais propensos a:

Cometer erros operacionais;

Sofrer acidentes de trabalho;

Colocar a própria segurança e a dos colegas em risco.

Além disso, falhas operacionais decorrentes de estados emocionais alterados podem gerar prejuízos materiais, paralisações e até riscos à continuidade do negócio.

Conclusão

Reforço da importância dos riscos psicossociais na gestão de SST
Os riscos psicossociais deixaram de ser um tema secundário e passaram a ocupar um papel central na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Cuidar da saúde emocional, mental e social dos colaboradores é tão essencial quanto prevenir acidentes físicos. Empresas que negligenciam esses fatores comprometem não só o bem-estar das pessoas, mas também sua produtividade, reputação e sustentabilidade.
Papel estratégico da NR-01 na construção de ambientes saudáveis
A NR-01, atualizada para contemplar uma visão mais ampla e moderna da gestão de riscos, se tornou uma ferramenta estratégica. Ela não apenas estabelece obrigações legais, mas orienta as organizações na criação de ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos. Integrar os riscos psicossociais ao Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é, portanto, uma exigência que gera benefícios tangíveis para empresas e trabalhadores.

Chamado à ação para empresas se adequarem e investirem na prevenção
Diante desse cenário, é fundamental que as empresas atuem de forma proativa. Não espere que problemas como adoecimentos, afastamentos, processos ou prejuízos maiores apareçam. O momento de agir é agora.

🔸 Mapeie os riscos psicossociais.
🔸 Implemente medidas efetivas de prevenção.
🔸 Desenvolva lideranças conscientes e ambientes de trabalho psicologicamente seguros.
🔸 Mantenha seu PGR atualizado e alinhado à NR-01.

Cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho não é apenas uma obrigação legal — é um ato de responsabilidade, ética e visão estratégica. Empresas que investem em pessoas colhem melhores resultados, constroem uma reputação sólida e se tornam mais competitivas e sustentáveis.Contextualização da segurança do trabalho no Brasil
A segurança do trabalho no Brasil tem passado por uma evolução significativa nas últimas décadas. As empresas, cada vez mais, compreendem que a proteção à saúde e integridade dos trabalhadores não é apenas uma obrigação legal, mas um fator estratégico que impacta diretamente na produtividade, na sustentabilidade do negócio e na reputação organizacional. A legislação brasileira é uma das mais robustas do mundo nesse aspecto, especialmente por meio das Normas Regulamentadoras (NRs), que estabelecem diretrizes fundamentais para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Definição breve de riscos psicossociais
Dentre os diversos tipos de riscos ocupacionais, os riscos psicossociais têm ganhado destaque. Eles estão relacionados a fatores organizacionais, interpessoais e emocionais que podem afetar negativamente a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores. Estresse crônico, assédio moral, sobrecarga de trabalho, insegurança no emprego e relações conflituosas são alguns exemplos que, quando não gerenciados, podem desencadear adoecimentos, afastamentos e até acidentes.
Crescimento da importância do tema no ambiente corporativo
Com as transformações no mercado de trabalho, a digitalização dos processos e a busca incessante por produtividade, os riscos psicossociais se tornaram mais evidentes e impactantes. Além disso, os reflexos da pandemia da COVID-19 acentuaram os desafios relacionados à saúde mental nas organizações. Hoje, cuidar do bem-estar psicológico dos colaboradores deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade tanto do ponto de vista humano quanto estratégico. Empresas que ignoram esse tema enfrentam não apenas perdas financeiras, mas também riscos legais e prejuízos à sua imagem institucional.
Conexão direta com a NR-01 e seus desafios de adequação
Diante desse cenário, a NR-01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), atualizada em 2020, trouxe uma abordagem mais ampla e moderna sobre a gestão de riscos no ambiente de trabalho, incluindo os riscos psicossociais. Ela exige que as empresas adotem uma postura ativa na identificação, avaliação e controle de todos os tipos de riscos, não apenas os físicos, químicos ou biológicos, mas também os que afetam a saúde mental e emocional dos trabalhadores. No entanto, muitos empregadores ainda têm dúvidas sobre como incluir esses riscos de forma efetiva no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), o que representa um dos principais desafios atuais em segurança do trabalho no Brasil.

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