Documentação Obrigatória Segundo as NRs: Evite Multas e Interdições

1. Introdução

1.1. Por que a documentação de SST é essencial

A documentação obrigatória em segurança e saúde do trabalho (SST) é um dos pilares da prevenção de acidentes e da conformidade legal nas empresas. Em 2025, com o avanço da digitalização, a integração com o eSocial e a atualização de diversas normas regulamentadoras (NRs), manter os documentos corretos, atualizados e acessíveis tornou-se ainda mais essencial.

Além de proteger a vida dos trabalhadores, a documentação adequada é o que resguarda a empresa de multas, embargos e processos trabalhistas, funcionando como prova de que as exigências legais estão sendo cumpridas.

1.2. As mudanças em 2025

Com a revisão de normas como NR-01, NR-07, NR-09, NR-18, NR-35 e o reforço da obrigatoriedade do PGR e PCMSO integrados ao GRO, o cenário da documentação em SST passou por importantes reformulações. Em 2025, mais do que nunca, as empresas precisam ter um sistema eficiente de gestão documental, com controle de prazos, versões e rastreabilidade.

1.3. Objetivo do artigo

Este artigo apresenta de forma prática e completa quais são os principais documentos exigidos pelas NRs em 2025, o que mudou, como mantê-los atualizados e como se preparar para uma fiscalização sem sustos.


2. Quais Documentos São Obrigatórios em 2025 Segundo as NRs

2.1. Documentos principais exigidos pela NR-01 (GRO/PGR)

  • Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), contendo:
    • Inventário de riscos atualizado;
    • Plano de ação com responsáveis, prazos e controles;
  • Relatórios de inspeções e análises de risco;
  • Registros de monitoramento contínuo e avaliações periódicas;
  • Evidências de medidas de controle implementadas.

2.2. Documentação exigida pela NR-07 (PCMSO)

  • Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) elaborado com base no PGR;
  • ASO – Atestado de Saúde Ocupacional (admissional, periódico, mudança de função, retorno ao trabalho, demissional);
  • Relatório anual do PCMSO;
  • Laudos complementares (a critério do médico).

2.3. Documentos exigidos pela NR-09 (Agentes Ambientais)

  • Laudos técnicos de avaliação de agentes físicos, químicos e biológicos;
  • Registros de dosimetria, medições de calor, ruído, vibração, agentes químicos e poeiras;
  • Relatórios de ensaios e análises laboratoriais com responsabilidade técnica (ART/CRT).

3. Documentação por Situação ou Atividade

3.1. Admissão de trabalhador

  • Ficha de registro do empregado (pode ser digital);
  • ASO admissional;
  • Ficha de EPI com termo de entrega individual assinado;
  • Registro de treinamento admissional conforme a NR-01.

3.2. Início de obra ou atividade temporária

  • PGR específico do canteiro (se for construção);
  • ARTs de proteção coletiva (andaimes, escoramentos, ancoragens);
  • Cronograma físico-financeiro vinculado ao plano de ação da segurança;
  • Comunicação de abertura de canteiro à SRTE (se aplicável).

3.3. Atividades em altura (NR-35)

  • Treinamento NR-35 com certificado e conteúdo programático;
  • Plano de trabalho e plano de resgate;
  • Inspeção dos EPIs (cintos, talabartes, trava-quedas) com registros periódicos;
  • ART das ancoragens, linhas de vida e proteções coletivas.

3.4. Atividades com máquinas e equipamentos (NR-12)

  • Inventário de máquinas com descrição, ano de fabricação e medidas de segurança aplicadas;
  • Relatórios de análise de risco por máquina;
  • Laudos de inspeção e manutenção corretiva/preventiva;
  • Procedimentos operacionais padrão (POP) e ordens de serviço assinadas.

4. Como Organizar a Documentação de Forma Eficiente

4.1. Crie um sistema de controle com prazos e responsáveis

Utilize planilhas, softwares de SST ou sistemas de gestão integrados para controlar:

  • Vencimentos de treinamentos;
  • Prazo de validade de laudos e medições;
  • Frequência de inspeções e atualizações do PGR e PCMSO;
  • Documentos obrigatórios por setor ou função.

4.2. Digitalize e mantenha cópias acessíveis

Em 2025, a digitalização da documentação é mais do que uma tendência: é uma necessidade operacional e legal. Muitas empresas já utilizam armazenamento em nuvem, backups automáticos e assinaturas digitais para garantir:

  • Acesso rápido em caso de fiscalização;
  • Segurança contra perda de documentos físicos;
  • Facilidade para auditorias e perícias.

4.3. Tenha uma pasta de fiscalização sempre pronta

Crie uma pasta padrão com os principais documentos exigíveis, que pode ser física ou digital (em PDF). Inclua:

  • PGR e PCMSO atualizados;
  • Últimos ASOs de cada colaborador;
  • Fichas de EPI assinadas;
  • Laudos ambientais e de ergonomia;
  • Registros de treinamentos com listas de presença.

5. O Que Mudou em 2025 na Gestão Documental

5.1. Integração obrigatória com o eSocial SST

Os eventos do eSocial SST (S-2210, S-2220 e S-2240) exigem que os dados enviados estejam respaldados na documentação da empresa. Por exemplo:

  • O envio do S-2240 (exposição a riscos) deve estar de acordo com o inventário do PGR e os laudos da NR-09;
  • O evento S-2220 (monitoramento da saúde) deve ter como base os ASOs emitidos e o relatório do PCMSO.

5.2. Maior rigor na rastreabilidade dos registros

A nova NR-01 exige que os documentos de SST tenham controle de versão, data de elaboração, atualização e assinatura do responsável técnico. Isso impede a apresentação de modelos genéricos ou desatualizados.

5.3. Envolvimento de diferentes áreas da empresa

Em 2025, a gestão da documentação de SST deixa de ser exclusiva do SESMT e passa a envolver:

  • RH (para ASO, treinamentos, eSocial);
  • Jurídico (para análise de riscos legais);
  • TI (para suporte à digitalização e segurança dos dados);
  • Lideranças operacionais (para execução das ações do PGR).

6. Quais São as Multas e Penalidades por Falta de Documentação

6.1. Fiscalização do trabalho

Os auditores fiscais podem solicitar a qualquer momento:

  • Documentação técnica dos riscos (PGR, laudos, medições);
  • Evidência de treinamentos e exames médicos;
  • ARTs e registros de manutenção de máquinas e estruturas.

A ausência de documentos ou informações incompletas pode gerar autos de infração com valores entre R$ 1.000,00 e R$ 100.000,00, dependendo da gravidade.

6.2. Embargos e interdições

Se for constatada a ausência de PGR ou medidas de controle em frentes de trabalho com risco iminente, a empresa pode ter:

  • Frentes de trabalho interditadas;
  • Máquinas embargadas;
  • Canteiros de obra paralisados até a regularização.

6.3. Processos judiciais e perdas financeiras

A falta de documentação válida pode ser usada contra a empresa em:

  • Ações trabalhistas por insalubridade ou doença ocupacional;
  • Processos civis por negligência em acidentes graves;
  • Multas adicionais por reincidência e danos coletivos.

7. Boas Práticas para Evitar Irregularidades Documentais

7.1. Faça auditorias internas periódicas

Crie um calendário de revisão da documentação com base:

  • Nas exigências da NR-01 e demais normas aplicáveis;
  • Nos setores mais críticos (construção, manutenção, química, etc.);
  • No histórico de não conformidades da empresa.

7.2. Treine sua equipe administrativa

Muitos erros ocorrem por desconhecimento. Treine RH, encarregados e auxiliares administrativos sobre:

  • Onde armazenar documentos;
  • Quais prazos observar;
  • Quais modelos são válidos e quem pode assinar.

7.3. Utilize modelos padronizados e validados

Evite modelos desatualizados da internet. Use documentos personalizados com base na realidade da sua empresa, com orientação de engenheiro ou técnico de segurança. Garanta que:

  • As ARTs estejam válidas e assinadas;
  • Os treinamentos estejam de acordo com a função e NR correspondente;
  • Os registros estejam organizados de forma lógica.

8. Conclusão

Manter a documentação obrigatória em dia é uma obrigação legal e estratégica. Em 2025, com a digitalização do eSocial, a integração entre as normas e a exigência de evidência técnica para cada ação de segurança, não há mais espaço para improviso ou papelada incompleta.

Empresas que desejam evitar multas, embargos, ações judiciais e riscos reais à vida de seus trabalhadores precisam investir em gestão documental profissional, sistemática e preventiva.

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